Maria Simiris
11/08/2023
Um dos principais apontamentos da LODO Suítes Algarve, que se denota, logo na porta laranja de entrada, é a parte artística, da responsabilidade do Estúdio Onze, um coletivo com três jovens locais que aposta no cruzamento de várias disciplinas artísticas.
Miguel Gião, empresário e CEO do Grupo Gião & Gião, diz que este verão, quem visita os vários espaços que gere em Faro, prioriza «a melhor qualidade de oferta» ao invés do preço, e dá o exemplo à região.
Miguel Gião, CEO do Grupo Gião & Gião, detentor de vários espaços em Faro como o Columbus Culinary Bar, o Aperitivo Bar, o restaurante Adão e o Rooftop Eva e, mais recentemente, do novo alojamento local LODO Suítes Algarve, confirma que este verão há menos turistas.
«A verdade é que o pico que sentimos na época alta é muito grande. A região não tem capacidade para estas pessoas todas. Óbvio que este ano sentimos que não está a existir esse pico e há muitas pessoas preocupadas porque esperavam uma carga de trabalhado mais elevada. Falando por nós, Faro é uma cidade diferente porque não tem uma sazonalidade tão elevada como outras na região. A verdade é que o cliente que temos tido, neste momento, é muito melhor. Não temos tantos, mas os que temos são muito melhores. São pessoas que sabem ao que vêm e que escolhem a qualidade. O Algarve precisa disso. Não somos uma região para grandes massas. E temos de perceber que o futuro não vai ser para isso. Não temos tanta oferta assim para concorrermos com preços baixos, temos é de ter um preço médio», prevê.
E acrescenta que «não interessa trabalharmos a 110 por cento quando não conseguimos oferecer 100 por cento de qualidade. Compensa mais trabalhar a 90 por cento. Por exemplo, termos filas e filas de pessoas à porta dos restaurantes e bares desgasta o staff porque não se consegue dar mais. Os hotéis estão sobrecarregados e até faltam pessoas para trabalhar. Se estivermos a 90 por cento conseguimos manter uma qualidade elevada no serviço e o Algarve consegue continuar a ser reconhecido por isso».
Ainda de acordo com o empresário farense, «não podemos oferecer apenas sol e praia, porque isso também oferece a Espanha, a Grécia e a Turquia. Temos é de oferecer qualidade do serviço e do produto. Quem procura isso tem de ser o nosso público-alvo». É com esse pensamento que nasce a LODO Suítes Algarve. «Estar ao lado de por exemplo, Mónaco, Nice ou Saint-Tropez, com uma oferta que não é para as massas», exemplifica.
E que tipo de turista acolhe Faro este verão? «É um cliente com uma disposição e uma cultura diferente. Até nos comentários das redes sociais vemos isso. É um turista que vem para comer bem, para experimentar, para perguntar que vinho português é o melhor e qual marisco é local. Não é quem escolhe o espaço por ser o mais barato, mas por oferecer melhor qualidade de oferta, exclusividade e produto local. Querem essa experiência e no Algarve temos de oferecer isso: uma boa experiência gastronómica e de alojamento. Em Faro temos de ter bons acessos de barco às nossas ilhas-barreira e apostar também numa boa experiência de natureza na Ria Formosa. É aí que Faro marca a diferença», responde. Já sobre quais as nacionalidades que se destacam em maior número, Miguel Gião afirma que «se notam menos portugueses este ano, mas muitos franceses, italianos, finlandeses, noruegueses, irlandeses e holandeses».
LODO Suítes Algarve, o novo Alojamento Local (AL) de Faro
Alameda, Arco da Vila, Ria Formosa e Sé. São os nomes dos quatro quartos que compõem o LODO Suítes Algarve, no número 53 da Rua Manuel Bivar, Alojamento Local (AL) que inaugurou na segunda-feira, dia 31 de julho.
Com o objetivo de refletir a história de Faro, o novo espaço criado pelo Grupo Gião & Gião e a HD Properties nasceu de uma ideia simples.
«O que quisemos fazer, acima de tudo, foi enaltecer os elementos da cidade. Como nos encontramos no coração da Baixa, numa das ruas, se não a rua mais animada, onde estão os restaurantes e bares, queríamos dar um pouco de conforto, elegância e relaxamento. Uma espécie de oásis para descansar. O hóspede pode jantar, beber um copo e em seguida dormir num espaço tranquilo, tudo sem sair da mesma rua», justifica ao barlavento o empresário Miguel Gião.
Num investimento de cerca de 350 mil euros, em boa verdade, a LODO Suítes Algarve teve de esperar quatro anos para ser inaugurada. O projeto remetia a 2019, ano em que nascia o restaurante/marisqueira com o mesmo nome, também pela mão do mesmo grupo hoteleiro, e a obra até já estava adjudicada. Com a pandemia, contudo, «ficámos sem capacidade económica para investir. Estivemos dois anos parados e os orçamentos dispararam. Só em 2022 é que conseguimos ter a força financeira para realizar este projeto e fomos fazendo as coisas aos poucos», conta Miguel Gião.
Um dos principais apontamentos da LODO Suítes Algarve, que se denota, logo na porta laranja de entrada, é a parte artística, da responsabilidade do Estúdio Onze, um coletivo com três jovens locais que aposta no cruzamento de várias disciplinas artísticas. Em todas as suítes há assemblagens, ou seja, colagens com objetos e materiais tridimensionais, que se unem a desenhos feitos à mão, que contam a história da capital algarvia. Por exemplo, no quarto Ria Formosa, a ostra é a personagem principal enquanto que o quatro Sé destaca a catedral. Em todos, também os candeeiros característicos da Baixa de Faro e as chaminés algarvias chamam a atenção a quem ali pernoitar.
«Esta decoração é exclusiva para a LODO Suítes Algarve, não pode ser replicada. Isto é muito importante para este projeto. Temos artistas com muita qualidade em Faro e todas as peças mostram um pouco da nossa cidade e fazem referência a espaços e elementos icónicos», explica o responsável. Além disso, é também uma forma de divulgar o trabalho dos autores convidados.
O edifício, em tempos, foi «um consultório médico. Aqui nesta rua estavam as indústrias e a classe trabalhadora, sendo que na Rua de Santo António era onde morava a classe alta, e por isso este edificado é um marco», diz Gião.
E para quem foram pensadas as suítes? «São quartos diferentes para todo o tipo de mercado. A suíte mezzanine, por exemplo, com cozinha, talvez seja mais indicada para famílias ou grupo de amigos que queira ficar uma temporada maior. Depois temos a facilidade do room service, e podemos servir refeições do LODO, sem a necessidade de o hóspede descer ao restaurante.
Além disso, estamos numa localização perto da estação de comboios, dos autocarros, dos barcos para as ilhas-barreira e até para o aeroporto. Isto para não falar de toda a oferta de restauração e diversão que existe nesta rua. Acho que durante o verão teremos uma procura mais elevada de jovens e, no inverno, imaginamos que a procura seja por parte de turistas de uma faixa etária mais alta, que vêm para experimentar a nossa gastronomia, conhecer a nossa cultura e estarem um pouco no centro de Faro. Isto é válido para famílias, amigos e casais para uma escapadinha de fim de semana», responde Miguel Gião.
Desde 2004 que o Grupo Gião & Gião tem apostado em investimentos em Faro, dos quais se destacam o Columbus Culinary Bar, o Aperitivo Bar, o restaurante Adão e o Rooftop Eva.
Para o empresário, a capital algarvia «já não é conhecida apenas pelo sol e mar. Lisboa e Porto estão muito saturados de turismo. Há cada vez mais turistas que passam uns dias em Lagos, por exemplo, e no final das férias, ficam em Faro, no último fim de semana antes de apanharem o voo de regresso. Nos nossos espaços servimos muito esse tipo de cliente. Em zonas como Vilamoura, Albufeira ou Portimão, os turistas só se ficam por lá, aqui em Faro temos um público diferente», compara.
O primeiro hóspede a inaugurar a LODO Suítes Algarve foi o ator português José Fidalgo, ainda antes de abrirem as reservas nas plataformas online, na altura da concentração internacional do Moto Clube de Faro.
Quanto a preços, Miguel Gião explica que vão oscilar consoante a procura e a oferta. «Temos uma monitorização através de um sistema próprio que analisa a procura e o que está disponível. Diria que, em média, ficará a uma média de 100 euros por suíte. Não quer dizer que o quarto mais pequeno não possa vir a ser mais barato e o maior mais caro, é apenas uma média de referência», calcula. As reservas deverão abrir nos próximos dias, sendo que a estadia mínima é de duas noites.
Por fim, questionado sobre a possibilidade de apostar em novos projetos de Alojamento Local, o CEO do Grupo aponta que poderá ser uma possibilidade, «se virmos que o investimento é rentável e vale a pena. Porque não ter outros espaços dentro desta filosofia que junta a arte, a Ria Formosa e cidade? A única certeza é que será em Faro porque ainda temos muito para fazer aqui», conclui.